A Neurociência e a
Educação: onde elas se encontram?
Um cérebro ativo e estimulado por diferentes desafios se
revela mais perspicaz, mais hábil e naturalmente mais capaz de responder às
solicitações do pensamento. Aprender mais e mais durante a vida, tornou-se hoje
uma exigência da Era do Conhecimento. E, para tal, precisamos estar na nossa
melhor forma mental. A “potência mental ótima” pode ser atingida por meio de um
estilo de vida sadio, uma alimentação equilibrada e ginástica cerebral
adequada.
Ultimamente se ouve muito falar em Neurociência,
Neuropedagogia, Neurobiologia,
Neuropsicologia, Neurocomportamento e assim por diante. São termos
modernos, porém, não muito. O que é moderno é a relação deles entre si, ou
ainda: o que um tem despertado no estudo do outro. E o que de fato nos
interessa: o que todos eles podem contribuir com a educação hoje. Não há a
menor dúvida de que a Neurociência evoluiu e vem evoluindo a passos largos. Mas
esta evolução tem colaborado com a educação? O que é importante sabermos sobre
o funcionamento do cérebro e como podemos utilizar essa informação e estudo da
melhor forma possível no desempenho dos nossos alunos? Esta é a questão....
Já sabemos, por exemplo, que o cérebro humano possui
plasticidade, ou seja, se uma área sofreu uma lesão num acidente, outra área
pode realizar as funções que foram afetadas. Então, vale à pena elucidar que até os 3 anos
de idade, 80% do desenvolvimento cerebral está concluído; até os 5 anos de
idade, 90%, porém, o cérebro está em constante mudança e adaptação aos
estímulos externos e, a base deste desenvolvimento saudável é a nutrição. A
Plasticidade Cerebral, e suas implicações, é uma característica importante do
cérebro. Educadores, políticos de mercado e estudantes de todas as áreas devem
ter uma compreensão do porque é possível aprender ao longo da vida. Ela
constitui um forte argumento neurocientífico sobre a aprendizagem ao longo de
toda a existência humana. O nosso cérebro funciona a partir de estímulos e
sinapses (conexões entre os
neurônios. A sinapse serve exatamente para que os estímulos, a comunicação,
passe de neurônio para neurônio.)
E qual a relação entre cérebro e educação?
“(...) o milagre do cérebro é que ele foi construído
para uma aprendizagem contínua.” (Sprenger, 1999)
A Neurociência na
formação do educador implica um novo olhar na perspectiva do desenvolvimento da
aprendizagem humana.
O cérebro não foi
“feito” para ficar confinado em uma sala de aula. Sua natureza biológica foi
concebida para tudo o que é necessário ao homem desde os primórdios de suas
descobertas e criações. O hábito de exercitar o cérebro com atividades
intelectuais favorece as habilidades cognitivas, o desenvolvimento da criatividade
e o incremento das relações sociais. Quando confrontado com o desconhecido, o
cérebro acelera sua plasticidade e se empenha para lembrar não apenas a
novidade, mas as circunstâncias que envolvem determinado fato.
E falando de Psicopedagogia e Neurociência...
O conceito de
plasticidade cerebral pode ser aplicado à Psicopedagogia, considerando a
tendência do sistema nervoso de ajustar-se diante das influências ambientais
durante o desenvolvimento infantil, ou na fase adulta, restabelecendo e
restaurando funções desorganizadas por condições patológicas. O aprendizado é
capaz de causar mudanças estruturais no córtex cerebral.
E
vamos mais longe: a visão do homem como um todo é a chave do desenvolvimento integral
do ser. Por isso a preocupação de unir afetividade e cognição na aprendizagem.
O neurologista português Damasio destaca a existência de uma forte interação
entre a razão e as emoções, e defende a ideia de que os sentimentos e as
emoções são uma percepção direta de nossos estados corporais e constituem um
elo essencial entre o corpo e a consciência.
Parece
existir um conjunto de sistemas no cérebro humano consistentemente dedicados ao
processo de pensamento orientado para um determinado fim, ao qual chamamos
raciocínio, e à seleção de uma resposta, à qual chamamos decisão. (...) Esse
mesmo conjunto de sistemas está também envolvido nas emoções e nos sentimentos
e dedica-se em parte aos sinais do corpo. (DAMASIO, 1996)
Por
isso, compreender a importância dos dois hemisférios, bem como a união da
afetividade e cognição no processo aprendizagem sobre o viés da Neurociência,
nos assegura, enquanto educadores, pois está comprovado que “a falta de
libidinação gera problemas conflitantes inibindo o processo de aprendizagem,
pois, aprender é um ato desejante e sua negação é o não aprender. O desejo é
movido pelo inconsciente, que nesse momento do aprender ou não aprender
responde às informações libidinadas – negação, recusa, omissão, rejeição – a emoção
está para o prazer assim como o prazer está para o aprendizado e a autonomia é
a ferramenta que movimenta os estímulos para gerar bons resultados.” (RELVAS,
2008)