terça-feira, 20 de novembro de 2012


A Neurociência e a Educação: onde elas se encontram?


Um cérebro ativo e estimulado por diferentes desafios se revela mais perspicaz, mais hábil e naturalmente mais capaz de responder às solicitações do pensamento. Aprender mais e mais durante a vida, tornou-se hoje uma exigência da Era do Conhecimento. E, para tal, precisamos estar na nossa melhor forma mental. A “potência mental ótima” pode ser atingida por meio de um estilo de vida sadio, uma alimentação equilibrada e ginástica cerebral adequada.
Ultimamente se ouve muito falar em Neurociência, Neuropedagogia, Neurobiologia,  Neuropsicologia, Neurocomportamento e assim por diante. São termos modernos, porém, não muito. O que é moderno é a relação deles entre si, ou ainda: o que um tem despertado no estudo do outro. E o que de fato nos interessa: o que todos eles podem contribuir com a educação hoje. Não há a menor dúvida de que a Neurociência evoluiu e vem evoluindo a passos largos. Mas esta evolução tem colaborado com a educação? O que é importante sabermos sobre o funcionamento do cérebro e como podemos utilizar essa informação e estudo da melhor forma possível no desempenho dos nossos alunos? Esta é a questão....
Já sabemos, por exemplo, que o cérebro humano possui plasticidade, ou seja, se uma área sofreu uma lesão num acidente, outra área pode realizar as funções que foram afetadas.  Então, vale à pena elucidar que até os 3 anos de idade, 80% do desenvolvimento cerebral está concluído; até os 5 anos de idade, 90%, porém, o cérebro está em constante mudança e adaptação aos estímulos externos e, a base deste desenvolvimento saudável é a nutrição. A Plasticidade Cerebral, e suas implicações, é uma característica importante do cérebro. Educadores, políticos de mercado e estudantes de todas as áreas devem ter uma compreensão do porque é possível aprender ao longo da vida. Ela constitui um forte argumento neurocientífico sobre a aprendizagem ao longo de toda a existência humana. O nosso cérebro funciona a partir de estímulos e sinapses (conexões entre os neurônios. A sinapse serve exatamente para que os estímulos, a comunicação, passe de neurônio para neurônio.)
E qual a relação entre cérebro e educação?
“(...) o milagre do cérebro é que ele foi construído para uma aprendizagem contínua.” (Sprenger, 1999)
A Neurociência na formação do educador implica um novo olhar na perspectiva do desenvolvimento da aprendizagem humana.
O cérebro não foi “feito” para ficar confinado em uma sala de aula. Sua natureza biológica foi concebida para tudo o que é necessário ao homem desde os primórdios de suas descobertas e criações. O hábito de exercitar o cérebro com atividades intelectuais favorece as habilidades cognitivas, o desenvolvimento da criatividade e o incremento das relações sociais. Quando confrontado com o desconhecido, o cérebro acelera sua plasticidade e se empenha para lembrar não apenas a novidade, mas as circunstâncias que envolvem determinado fato.
E falando de Psicopedagogia e Neurociência...
O conceito de plasticidade cerebral pode ser aplicado à Psicopedagogia, considerando a tendência do sistema nervoso de ajustar-se diante das influências ambientais durante o desenvolvimento infantil, ou na fase adulta, restabelecendo e restaurando funções desorganizadas por condições patológicas. O aprendizado é capaz de causar mudanças estruturais no córtex cerebral.
E vamos mais longe: a visão do homem como um todo é a chave do desenvolvimento integral do ser. Por isso a preocupação de unir afetividade e cognição na aprendizagem. O neurologista português Damasio destaca a existência de uma forte interação entre a razão e as emoções, e defende a ideia de que os sentimentos e as emoções são uma percepção direta de nossos estados corporais e constituem um elo essencial entre o corpo e a consciência.
Parece existir um conjunto de sistemas no cérebro humano consistentemente dedicados ao processo de pensamento orientado para um determinado fim, ao qual chamamos raciocínio, e à seleção de uma resposta, à qual chamamos decisão. (...) Esse mesmo conjunto de sistemas está também envolvido nas emoções e nos sentimentos e dedica-se em parte aos sinais do corpo. (DAMASIO, 1996)
Por isso, compreender a importância dos dois hemisférios, bem como a união da afetividade e cognição no processo aprendizagem sobre o viés da Neurociência, nos assegura, enquanto educadores, pois está comprovado que “a falta de libidinação gera problemas conflitantes inibindo o processo de aprendizagem, pois, aprender é um ato desejante e sua negação é o não aprender. O desejo é movido pelo inconsciente, que nesse momento do aprender ou não aprender responde às informações libidinadas – negação, recusa, omissão, rejeição – a emoção está para o prazer assim como o prazer está para o aprendizado e a autonomia é a ferramenta que movimenta os estímulos para gerar bons resultados.” (RELVAS, 2008)